domingo, 17 de janeiro de 2010

No Ashram da Amma

Passei dois dias no Ashram da Amma.
Lembra da indiana que abraça todo mundo? Ela!

Para quem não sabe, Ashram é o lugar onde os discípulos se reunem em torno de seus gurus para receberem orientações, para polir seus corações, para tentar se tornar uma pessoa melhor... Legal disso tudo é que, pelo que parece, é difícil à bessa encontrar ela lá. A Amma viaja muito e estava previsto ela voltar apenas na semana seguinte, mas por motivos desconhecidos por mim... pois é... ela tava lá... e eu fui abraçada. Nada demais! Ela abraca rápido, diz umas coisas no seu ouvido que vc nunca vai saber o que é e coloca uma balinha na sua mão, aí vem um pessoal te tirando à força dos braços dela para dar a vez para outra pessoa e... é isso!... Achei que o chão fosse tremer, que eu ia levitar, que iriam acabar todos os meus problemas, mas... nada! kkkkk

(uma parte do Ashram, cada prédio tem uma função)

Mas o resto aqui é ótimo! As pessoas são tranquilas e super organizadas. Tem gente do mundo inteiro chegando e saindo todos os dias do Ashram, a previsão é de ter em média 2000 pessoas flutuantes lá. Gente à bessa, né?!. E tudo funciona numa harmonia que surpreende qualquer um. Além de ser um lugar lindéééézimo! Imaginem estar entre o mar e um rio maravilhoso com palmeiras e bananeiras para todos os lados... Pois é... Nosso quarto ficava no 14º andar e a vista de lá era surreal. Mas sem conforto, um quarto simples para três pessoas com colchões, banheiro com chuveiro frio, um vaso e... dê-se por satisfeita. Mas assim mesmo era ótimo. Nossa amiga de quarto era uma suiça que nem sabia o que estava fazendo lá, mas estava disposta a descobrir... assim como eu.

(vista do nosso quarto - um paraíso!)

A maioria das pessoas lá se vestem de branco e andam muito descalças para tentar se desapegar do luxo e da ostentação. Ué?!... Já que é assim, vamos entrar no esquema, largar a vida mundana e fazer austeridade... Comprei uma roupa toda branca, igual a uma viúva indiana, tirei o esmalte, a maquiagem e resolvi trabalhar o meu desapego... Mentiraaaa coloquei um brinco dourado lindooooo. kkkk Calma, calma foi só para dar um clima, a Elaine de vcs conhecem não vai mudar assim, não não não. Mas tenho que confessar que não levei nem depilador e nem creme de cabelo no mochilão, e meu pé estava uma verdadeira desgraça (saúde para minha manicure!) Daí vcs imaginam ... rs kkkk

(reparem na bolsinha transpassada brancaaaa. rs)

Acordamos às 5hs da manhã com o som do Alcorão vindo de uma mesquita que ficava do outro lado do rio, mas parecia que os muçulmanos estavam sentados no meu colchãozinho e gritando no meu ouvido. Haaaaa!! Retirar a preguiça do coração Elaineeeee. Ai! Já passou! Às 6hs era o horário de meditar na praia, aproveitei e fiz 45 minutos de Daimoku. Foi ótimo fazer Daimoku ouvindo as ondas batendo nas pedras da praia! Tomei café e depois fui fazer um SEVA, que é um trabalho voluntário para o Ashram. Como meu inglês não é lá grandes coisas, me colocaram para dobrar os papéis de apresentação em 8 idiomas diferentes que eles entregam para cada visitante.

Po... muito louco isso! ... Estava eu lá naquele mundão de gente procurando me iluminar, ouvindo um mantra ao fundo, vendo os turistas chegando e, de repente me caiu a ficha do trabalho maravilhoso que eles fazem lá e do esforço dessa mulher, a Amma, em ajudar os moradores das comunidades carentes da Índia, nas doações que ela consegue receber para construir casas populares para as vítimas do Tsunami que ela mesma ajudou a tirar debaixo da terra, dos discípulos maravilhosos que encontrei naquele lugar e, num instante eu estava lá em lágrimas, com um sentimento de amor imenso por tudo aquilo. Então me vi dobrando aquele papel e me sentindo útil de alguma forma para um trabalho tão bonito. Parece bobagem, mas comecei a dobrar papel com um carinho tão grande que meu sentimento era de que cada pessoa que pegasse aquele papel pudesse sentir o que eu estava sentindo naquele momento. Acho que vou começar a fazer trabalhos voluntários. rs (ichi! minha sogra vai amar saber disso  com os trabalhos voluntários dela na comunidade! rs).

Saímos de lá às 15hs para pegar nosso barco e irmos para outra cidade. Foi difícil ir embora. Ficamos com gostinho de "quero mais", para mim aquela quantidade de papel foi pouca ... Poderia ter sido mais útil ...

(Ponte que nos levava para o outro lado para pegarmos nosso barco)

A senhorinha que abraça todo mundo é uma mulher grandiosa!
Fica aqui meu beijo no pé, dedicado aos pés calejados dessa mulher e meu sentimento que esses pezinhos (ela é pequenininha) andem muito ainda pelo mundo a fora multiplicando sentimentos de amor....

5 comentários:

Aline Civinelli disse...

Querida!
Seu blog estah muito legal!
Nao sabia que vc escrevia tudo aqui!
Foi uma delicia ler as historias da viagem!!!
Vejo que eh feito com muito carinho:PARABENS!
Mil bjs

Aline

DRICA disse...

É Elaine...tb senti a mesma coisa que vc logo que fui abraçada pela Amma aqui no Rio em 2008. Eu esperava sentir algo muito diferente e especial, mas na hora, chegamos até ela de joelhos, não podiamos encostar nela ( ela que nos abraça), mas eu escorreguei e encostei ( rsrsr) e daí é rápido. Ela fala alguma coisa indecifrável e que ninguem traduz, entrega o docinho e logo pegaram no meu braço para eu levantar e dar a vez a outro.Nem foto pude tirar pq lá no local era proibido fotografar qualquer coisa. Mas, depois do abraço, iniciaram os cânticos, os mantras e daí eu sentei bem pertinho dela e dos monges, aí sim..... pude observar cada gesto, cada concentração, cada mudança de energia e devoção.Sorria o tempo todo, sentada na mesma posição de lótus, após horas e horas ali, abraçando a todos...Fiquei maravilhada com isso e por sentir seu semblante sereno, de paz, aconchego... Havia algo diferente no ar sim.Pena que nossa condução chegou e precisei vir embora antes de terminar....snif!

Anônimo disse...

Oi Elaine!

Parabéns pelo seu blog! Amei essas fotos de pés!

Bem, eu estou a caminho da India, e o ashram da Amma é um dos meus objetivos. Então eu queria saber por você, se lá há a possbilidade de se fazer cursos, como o de culinária indiana ou ayurvédica, e curso de trabalhos artístícos.

E se vc. tiver alguma dica para me dar sobre o asrham, ou algum lugar no sul da India que tenha esses tipos de cursos eu vou adorar!

Estou embarcando no final de setembro
um abraço,
Cilea
o meu-email é cilealima@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Não me lembro se escrevi o meu e-mail... Bem, lá vai de novo cilealima@yahoo.com.br

Meire Romano disse...

Visitei AMMA no Rio de Janeiro em 2008. Na verdade nem sabia direito quem era aquela mulher que tantos queriam abraçar, mas fui, meio sem expectativas. Cheguei às 10h, peguei a senha e fiquei por lá, andando pelas barracas, observando, sentindo, tentando entender o que significava aquela multidão em busca de um abraço. Quando chegou minha vez, fui para a imensa fila e fiquei observando tudo. Segui cada passo da preparação que seus assistentes orientam e me concentrei em não fazer nada fora do padrão para não tomar tempo de AMMA nem das outras tantas pessoas que esperavam por seu abraço. Quanto mais me aproximava, mais podia sentir a energia que emanava daquela mulher. Fiquei em silêncio e fui avançando. Chegou minha vez, ajoelhei, me aproximei e recebi seu caloroso abraço junto com palavras incompreensíveis ditas no meu ouvido. Logo levantei-me para sair e dar vez a outra pessoa que vinha logo atrás de mim. Para minha surpresa total, AMMA olhou-me e sorriu, puxou-me de volta, me abraçou novamente, deu-me um 'cheiro' na face (cheiro mesmo, tipo inspiração) e colocou uma pétala de flor em minha mão. Fiquei absolutamente sem ação, apenas me deixando levar. Até hoje essa experiência vive em minha lembrança. Sei que não é preciso entender racionalmente, mas como sou um ser racional, ainda tento compreender o porquê do encontro. De qualquer forma, posso dizer que AMMA é um ser especial, que distribui carinho e amor com seus abraços pelo mundo!!!